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quinta-feira, 10 de junho de 2010

PREGADORES E PREGAÇÃO HOJE

"Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem, ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado" I Coríntios 2.1,2 (A.R.A)

Sou de um tempo não muito distante onde os pregadores eram conhecidos por sua intimidade com Deus e por suas mensagens centradas na Bíblia, em Cristo e na Cruz. Talvez por eu ser definitivamente fruto dos acontecimentos pós Reforma Protestante, do Pietismo e Movimento de Santidade, donde surgiu o pentecostalismo. Quem sabe é por que na minha juventude convivi com outros jovens inflamados e entusiasmados com a pregação do Evangelho (hoje todos são pastores ou missionários) ou por que os meus pastores ensinavam a orar, jejuar, ler a Bíblia e bons livros, e incentivavam mais a buscar o ministério e ganhar almas, lembrando-me sempre que o que ganha almas "sábio é". Talvez por que cresci lendo "Os Heróis da Fé", "Eles Morreram Pela Fé" e depois de crescido aprendi a ler teimosamente Moody, Spurgeon, Martin Lloyd Jones, John Stott, John Piper, entre outros.

Os reformadores da primeira e segunda gerações nos deixaram um legado e nos ensinaram o significado de Sola Gratia, Solo Christus, Sola Fide e Sola Scriptura, e talvez por isso eu não consiga entender muito bem como uma mensagem não possa conter algo sobre a Graça, ter citações bíblicas, não ter Cristo como centro, sobreviver sem a Cruz e não promover Fé. Os pregadores de hoje têm uma facilidade enorme de ludibriar o povo, principalmente em nosso meio pentecostal, com chavões e jargões emotivos, sensacionalistas, antropológicos, filosóficos e, ultimamente, com encobertas expressões de auto-ajuda. Sinceramente não sei como essas mensagens podem sobreviver em nosso meio, ou melhor, sei sim. Nossa geração é uma geração movida pelo hedonismo e pelo imediatismo. Vivemos desejando o prazer e o triunfalismo imediatos a qualquer preço. Assim, todos anelam ouvir pregações que lhes enganem com falsas promessas de que as "coisas mudarão hoje", que o triunfo "começará agora" e com falsas profecias do tipo: "Deus me trouxe hoje aqui para falar com sua vida e vim como profeta de Deus", "deixem-me profetizar nessa noite" ou "Deus mandou eu falar". Para eles a Bíblia não é o bastante, a revelação das páginas do Livro de Deus precisam de um acréscimo e, infelizmente, têm acrescentado inverdades que enganam o povo de Deus.

Senhores, desculpem meu quadradismo e meu conservadorismo exacerbado, mas não consigo ver uma mensagem sem base escriturística. Não consigo me concentrar em uma mensagem teologicamente pobre e de conteúdo duvidoso quanto à doutrina bíblica e não consigo glorificar a Deus ante uma mensagem onde o centro é o homem e não Deus, onde os testemunhos de milagres na vida do pregador falam mais alto que o brado da Cruz e que a "loucura" do Evangelho. Não consigo me alegrar em meu espírito, nem no Espírito Santo, quando vejo alguém utilizando-se de material de outros. Não consigo sentir-me à vontade quando percebo que ao mensageiro falta unção e graça para ministrar. É possível que meus 28 anos de fé tenham arrefecido alguma chama em mim, também é possível que meu tempo dedicado aos estudos em teologia tenha recrudescido alguma vertente nova, mas eu prefiro não ser tão emotivo e ter equilíbrio espiritual a ser um tresloucado que não sabe se rir com as palhaçadas do homem que fala ou se chora com seu emocionante testemunho de vitória. Eu preciso chorar com a Palavra, rir com a Graça, levantar as mãos no santuário quando o Espírito me mover, abrir os olhos ou fechar, levantar a cabeça ou baixar, ficar em pé ou sentar, abraçar ou não-abraçar ou dizer alguma coisa para quem está ao meu lado, quando sentir vontade de fazê-lo e não por que o homem do púlpito mandou ou insinuou.

Tenho percebido que esses tais são os que mais ganham destaque e são os mais solicitados para pregar em grandes festas. Tenho visto que pregadores que pregam sobre a Cruz de Cristo estão sendo deixados de lado e tenho lido mais na mídia acerca dos fanfarrões evangélicos que dos verdadeiros anunciadores da mensagem do Calvário. Tenho acompanhado o sucesso meteórico de alguns e ouvido acerca de livros mau escritos, com conteúdos doutrinariamente reprováveis, somente para arrecadar dinheiro em portas de igrejas e sem nenhuma preocupação com métodos de pesquisa, com questões éticas ou citações bibliográficas.

Mas, alegro-me em ver que longe das luzes dos holofotes tem um grupo de gente comprometida com o Reino de Deus até o último fio de cabelo, para usar uma expressão cearense. Distante dos delírios das platéias embevecidas pela mentira com aparência de verdade, Deus tem sete mil que não dobraram seus joelhos. À margem dos louros da fama tem um pequeno rebanho a quem ao Pai "aprouve dar o Reino". Na periferia das igrejas e no centro delas tem alguns que misturam com simplicidade, fé, amor e esperança, e que insistem em dependerem unicamente de Deus para serem o que são. Pregadores que podem dizer como o apóstolo Paulo: "Pela Graça de Deus, sou o que sou". 


Não, eu não sou um revoltado, escrevendo contra tudo e contra todos, atirando para todos os lados. Convivo há anos com pregadores e sei muito bem o que estou expondo.

"Certamente a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus" I Coríntios 1.18 (A.R.C).

Maranata. Ora Vem Senhor Jesus!
Deus abençoe a todos.

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