A missionária brasileira Lídia Caetano
de Souza, de 63 anos, contou à BBC Brasil como escapou da morte em
Tacoblan, cidade nas Filipinas que foi devastada pelo tufão Haiyan. A
casa onde ela morava foi inundada, o nível da água chegou a sete metros e
a força da correnteza fez algumas paredes desabarem.
“Quando a água começou a subir,
escapamos pelo buraco do ar condicionado. Amarramos cortinas e lençóis
para improvisar uma corda e com ela atravessamos a correnteza do quintal
até a construção vizinha, que era de dois andares. Conseguimos ajudar
quatro pessoas a atravessar, mas uma delas se afogou e acabou morrendo.
Ficamos abrigados lá no alto até a água baixar”.
Lídia relata que foi caminhando três
quilômetros desde a casa destruída até o aeroporto. “Não consegui salvar
nada, só os documentos. Perdi tudo”, disse.
Pelo caminho, Lídia viu muitos corpos e animais mortos.
“O cheiro era insuportável, não há
nada em Tacloban. É destruição para onde quer que se olhe”, descreveu.
“Não tem nada lá, é só morte”.
Ela afirma que só consegui sair de
Tacloban na noite de quinta-feira, cinco dias após o tufão atingir o
país. Na quinta-feira ela foi levada num avião das forças americanas até
a base aérea de Villamor, em Pasay City, na região da capital, Manila.
“Era um avião desses de carga militar,
viajamos todos sentados no chão, agarrados às redes. Éramos umas 270
pessoas, sentadas apertadinhas”.
Na capital, foi acolhida por amigos e
conseguiu tomar banho e comer uma refeição quente pela primeira vez
desde a tragédia. Missionária há 20, dos quais 14 passados nas
Filipinas, a religiosa trabalha para a igreja Assembleia de Deus em
Jacarepaguá no Rio de Janeiro.
Solteira e sem filhos, os amigos filipinos eram sua família no país.
“Mas eu não tenho notícia deles, não sei como estão, nem se sobreviveram”, lamenta.
“A gente só morre com hora e dia determinado. Não adianta, se ainda não é a nossa vez, Deus salva. Olha eu aqui.”
Depois da tragédia a missionária
pretende voltar ao Brasil com a ajuda da embaixada. Ela contou que vai
passar o Natal e Ano Novo no Brasil, e voltar para a Ásia em janeiro. No
entanto, ela não voltará às Filipinas, mas sim para uma nova missão no
Camboja.
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