Especialista diz que hoje se vive o comércio do “pague menos e coma mais”
Dia corrido no trabalho, tristeza, alegria, falta de emprego,
ansiedade. Não faltam motivos para as pessoas descontarem o que sentem
na comida.
De acordo com a psicóloga especialista em obesidade Simone Marchesini,
“comer é atividade de alívio”. Hoje, mais de 50% dos brasileiros estão
acima do peso, segundo dados do Ministério da Saúde.
— Raiva, a ansiedade, agitação, momentos de expectativa, pressa,
emoções da incerteza levam à comida. Você percebe no final da tarde que
as pessoas permanecem no ritmo acelerado do trabalho e passam a consumir
mais comida. Parece que as pessoas querem continuar usando as mãos de
alguma forma e usam para comer.
Além dessas sensações, a especialista explica que as acessíveis opções de alimentação também levam a este aumento no consumo.
— Hoje, a droga mais fácil de conseguir é a comida, é a droga mais
disponível. Com R$ 0,80 você compra pacote de bolacha na rua. Hoje, há o
comércio do pague menos e coma mais. Toda indústria alimentícia está
voltada para fazer você comer.
De acordo com a psicóloga, o grande problema é que com este estímulo ao consumo, come-se “inclusive o que não precisa”.
— Dentro da praça de alimentação de um shopping, por exemplo, a pessoa é
bombardeada o tempo todo com diversas texturas, sabores e cheiro. Tudo
exatamente feito para atrair a atenção dela.
Troca de compulsões
Aos que estão acima do peso e até mesmo aos obesos que pretendem
emagrecer, uma das preocupações dos especialistas em saúde é a chamada
“troca de compulsão”. Segundo Symone, isso acontece quando uma pessoa
troca algum tipo de vício ou compulsão pela comida ou vice e versa.
— Muitos do que param de fumar, por exemplo, engordam. Elas substituem o
cigarro pela comida. Alguém que fica desempregado fica nervoso por
estar sem fazer nada, e se ocupa comendo. Quem recorre a uma cirurgia
bariátrica para emagrecer também, há uma luta para ele não recorrer a
vícios anteriores ou adquirir novos. A comida tem duas funções básicas: o
equilíbrio enérgico e o prazer.
Terapia ocupacional e saúde
Além do tradicional exercício físico, uma das alternativas de se livrar
de hábitos ruins é a terapia ocupacional, especialmente em pacientes
obesos que passaram por cirurgias bariátricas. De acordo com a terapeuta
ocupacional do Nass (Núcleo de Assistência à Saúde da Família) de
Fortaleza, Vanina Barbosa Lopes o objetivo do tratamento é “organizar a
rotina e os hábitos” do paciente.
— A compulsão alimentar já vem com a pessoa antes da cirurgia, por
isso, é importante ele descobrir ou estimular novas habilidades. É
necessário tirar o foco da comida. Para isso, é preciso discutir quem a
pessoa é, seu histórico ocupacional, relação com familiares e amigos, e,
assim reorganizar as prioridades da vida dele. Se ele gostar de
frequentar uma churrascaria, por exemplo, vamos procurar encontrar outra
maneira de ele ter prazer também sem ter que ir neste espaço. Podemos
trocar esta atividade por outra que ele goste.
Para a psicóloga, é possível sim encontrar alternativas para controlar a
compulsão alimentar, seja com exercícios, medicação ou mesmo terapias
alternativas.
— Não concordo quando se fala que uma pessoa come muito porque tem
cabeça de gordo. Todos nós temos uma cabeça voraz. Um come muito
dinheiro, outro come muita comida.
Fonte: R7
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